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Histórias de Defensor – Juliano Marold

Histórias de Defensor – Juliano Marold
Fonte: Ascom/ANADEP

Na década de 80, as crianças e adolescentes não tinham internet. Ao invés do uso de aplicativos móveis, como smartphone e tablets, a grande moda era ler gibis ou revistas de super-heróis. Quem retrata bem esta realidade é o defensor público do Paraná Juliano Marold, que teve contato com esse universo ainda criança: ele ganhou da avó uma revistinha do Hulk. De lá para cá, sua paixão pelos desenhos só aumentaram.

Além de colecionar revistas e gibis, Juliano também desenha. Apesar de nunca ter feito um curso profissionalizante na área, seus traços surgiram com base na observação.

Ele conta que uma das suas grandes influências é Jim Lee, artista que fez muito sucesso desenhando os X-Men na década de 90. Outra referência atual é Darwin Cooke – quadrinista, cartunista e animador canadense, muito conhecido por seus trabalhos nos quadrinhos de Catwoman e da DC. Inclusive é dele a inspiração da tatuagem que Juliano eternizou no braço: a trindade da DC (Super-Homem, Mulher-Maravilha e Batman).

Apesar do avanço da tecnologia, o universo dos quadrinhos anda efervescente. De acorco com o Ibope-Instituto Pró Livro – 2012, há pelo menos 18,3 milhões de leitores de quadrinhos ativos. Alguns fizeram o caminho inverso, conheceram na internet ou nas telonas do cinema as super-heroínas e os super-heróis. Quem nunca acompanhou o sucesso de bilheterias, como da Capitã Marvel ou dos Vingadores?

Se você quer saber um pouco mais desse universo, confira a entrevista que Juliano Marold concedeu exclusivamente à equipe de comunicação da ANADEP.

ANADEP – Há quanto tempo você é defensor público? Como foi este ingresso?
Sou defensor público há quase seis anos. Decidi que queria trabalhar como defensor quando fiz estágio na Defensoria Pública do Paraná, em 2005. Durante o estágio percebi a importância e absoluta necessidade do aparelhamento da Instituição. Na época, a Defensoria ainda não havia sido devidamente estruturada. O que só ocorreu com o advento da lei complementar estadual nº 136/2011 e a realização do primeiro concurso público em 2012. Após me formar, no ano de 2008, abri um escritório de advocacia com alguns amigos da faculdade e passei a advogar. Poucos anos depois, ouvi notícias de que seria publicado o edital para ingresso na carreira de defensor público. Desde então, comecei a estudar pra valer. Com o apoio dos meus sócios, passei a me dedicar mais e mais aos estudos, deixando a maior parte das causas que tínhamos para eles cuidarem. Assim, após cerca de dois anos de estudos, ingressei na carreira por ocasião do primeiro concurso realizado, tendo tomado posse em novembro do ano de 2013.

Um dos seus hobbies é o desenho. Como começou este interesse?

Eu comecei a desenhar quando era ainda muito pequeno, acho que tinha uns dois ou três anos. Sei que em geral todas as crianças gostam e são incentivadas a desenhar, mas eu gostava muito mesmo. Lembro que minha avó paterna comprava canetinhas e folhas de papel para eu desenhar. Foi ela também quem me deu uma das primeiras, ou a minha primeira revistinha em quadrinhos que era do Hulk. Eu lembro que fiquei maravilhado com os desenhos.

Você chegou a frequentar algum curso?

Infelizmente eu não frequentei nenhum curso de desenho quando era mais novo – um dos meus maiores arrependimentos. Fui aprendendo com base na observação, diretamente das revistas em quadrinhos. Somente no ano passado eu ingressei num curso, mas em razão de demandas de trabalho e pessoais precisei interromper as aulas. Espero retomar o curso em breve!

Quais artistas influenciaram o seu traço? Quais livros ou referências fizeram parte do seu aprendizado?

Acho que o artista que mais influenciou o meu desenho foi o Jim Lee, artista consagradíssimo que fez muito sucesso desenhando os X-Men na década de 90. Hoje ele é editor na DC Comics e, se não me engano, foi responsável pela renovação visual dos heróis da editora, a partir dos “Novos 52” (em setembro de 2011, a DC Comics relançou toda a sua linha de publicações, designando a nova iniciativa como Os Novos 52 (no original em inglês, The New 52). Na verdade, não é demais dizer que ele influenciou quase todos os atuais artistas da indústria dos quadrinhos. Recentemente descobri a arte do aclamado Darwin Cooke (infelizmente ele faleceu há pouco tempo) e me apaixonei pelos seus desenhos. Acho que ele é a minha maior influência atualmente. Inclusive tatuei a trindade da DC no braço (Super-Homem, Mulher-Maravilha e Batman) com os traços dele, rs.

Você tem alguma coleção de livros ou quadrinhos?

Tenho uma coleção de quadrinhos. Comecei a comprar quando tinha uns nove ou dez anos, numa banca de revistas que existia na esquina da minha casa. Ao longo dos anos tive que interromper as compras em tempos de “vacas magras”, mas sigo comprando até hoje! Devo ter umas 400 ou 500 revistas. Guardo as revistas da Marvel em um armário e as da DC em outro!

Já participou de algum concurso de desenhos?

Participei de um concurso de desenho uma única vez, quando estava no 1º ou 2º do Ensino Médio. Na época pensei em fazer algo diferente, que ninguém faria, e fiz duas mulheres (não eram super-heroínas) inspirado na arte do falecido Michael Turner (os desenhos das heroínas dele eram incríveis). No fim, porém, venceu um aluno que desenhou um dos personagens do Dragon Ball, rs.

E podemos brincar e provocar uma polêmica? DC ou Marvel?

Não tenho uma preferência por uma editora ou outra, pelo menos no que diz respeito aos quadrinhos. Tenho revistas de vários super-heróis, tanto da DC quanto da Marvel. Já no cinema, a Marvel está melhor porque conseguiu criar muito bem um universo compartilhado, como nos quadrinhos! Mas estou torcendo para a DC avançar! Apesar disso, a DC ainda tem a vantagem de ter tido no cinema um Superman inigualável, que foi o Christopher Reeve e a trilogia do Batman do Christopher Nolan! Os filmes da Mulher-Maravilha e do Aquaman foram incríveis também!

Algumas produções no cinema, como Mulher Maravilha, Capitã Marvel e Pantera Negra trouxeram uma nova narrativa de inclusão de gênero e de raça às telonas e aos gibis. Como você vê essas representações? Qual a importância dessa diversidade?

Na realidade, essa narrativa de inclusão já existia, em certa medida, nos quadrinhos. No entanto, a indústria cinematográfica tem um alcance de público muito maior e, hoje, as próprias HQ’s estão recebendo influência dos filmes. Por exemplo, o personagem Luke Cage – que ganhou uma série na Netflix recentemente –, foi criado em 1972, fruto da tensão política em que estava envolvida a comunidade negra dos EUA e foi o primeiro super-herói negro a ter seu nome numa HQ solo. 

Tanto a DC quanto a Marvel têm no seu rol de heróis mulheres muito fortes e que protagonizaram grandes sagas, como a própria Mulher Maravilha, que já foi retratada como mais poderosa ou mais preparada que o próprio Super-Homem. A Mulher-Gato  também tem sua própria HQ (DC). A Feiticeira Escarlate (que é infinitamente mais poderosa nos quadrinhos), a Jean Grey (Marvel) e muitas outras. É muito bom que as nossas crianças e jovens, de todas as origens e gêneros, possam se identificar com super-heróis e super-heroínas nas telas dos cinemas. Essa diversidade e essa identificação são importantes, principalmente se mais e mais pessoas passarem a abraçar os mesmos valores que esses heróis e heroínas carregam, como o senso do dever de proteção aos mais vulneráveis e a disposição para o autossacrifício em prol dos demais.

Qual desenho que você fez tem um significado especial? Por quê?

Creio que um desenho do rosto de Cristo, que fiz quando tinha uns 16 e que se tornou referência de uma das minhas tatuagens. Claro que o tatuador melhorou a arte! Recentemente refiz sketchesdo Darwin Cooke, cuja arte é linda, e as tatuei no braço também. Acho que gostei da ideia de usar desenhos meus como referência para tatuagem.

O que representa o desenho em sua vida?

O desenho é uma parte importante da minha história. É o hobbie que permaneceu e que resistiu à todas as fases da minha vida! Houve épocas que fiquei sem desenhar por um tempo! Mas eu retomei os desenhos de forma meio ininterrupta a partir do final do ano de 2017.

Como é conciliar a atuação na Defensoria com o desenho? A prática te ajuda no seu dia a dia de defensor?

Desenhar é como uma “terapia”. Um tempo de relaxamento e refrigério. Creio que o desenho me auxilia porque o trabalho na Defensoria é intenso, demanda engajamento total e resiliência. Quando desenho recarrego as baterias para o dia seguinte!

E, por fim, o que você acha que precisa ser feito para o fortalecimento da Defensoria Pública?

A resposta é complexa. Acredito que a Emenda Constitucional nº 80 precisa ser cumprida. A Defensoria Pública precisa de mais defensoras e defensores públicos em mais localidades. Precisa também de servidores, profissionais de diversas áreas que possam contribuir com os atendimentos e as demandas dentro do campo de seus conhecimentos técnicos/especializados. Enquanto isso não ocorre, as Defensorias Públicas precisam realizar o melhor trabalho possível com a estrutura que possuem, mesmo que deficitária, a fim de que o reconhecimento externo produza, a longo prazo, a valorização da instituição pelos demais atores do sistema de Justiça e, principalmente, pela população destinatária de seus serviços.

Confira alguns dos desenhos do Defensor!

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